Carrefour encerra a marca Nacional no RS após mais de 30 anos, faz mega liquidação e redireciona foco para Atacadão e Sam’s Club

Grupo confirma o fechamento das últimas quatro lojas da bandeira Nacional no Rio Grande do Sul, com liquidação de estoques e mudança estratégica no varejo alimentar.
A rede Nacional, controlada pelo Grupo Carrefour Brasil, encerrou suas últimas operações no Rio Grande do Sul após mais de três décadas de presença no estado. O fechamento veio acompanhado de liquidação total de estoques e integra uma estratégia de simplificação do portfólio para concentrar recursos em Atacadão e Sam’s Club.
Segundo veículos setoriais e regionais, a etapa final ocorreu em setembro de 2025, com cronograma definido para as quatro unidades remanescentes, incluindo a loja de Jardim Leopoldina, em Porto Alegre. A medida encerra um ciclo histórico da bandeira no mercado gaúcho.
O movimento não representa a saída do Carrefour do Brasil. Ao contrário, a companhia reforça um reposicionamento: reduzir formatos deficitários e priorizar lojas de maior escala e eficiência operacional.
Fechamento das últimas lojas e liquidação: o que aconteceu
As quatro lojas finais da bandeira Nacional no RS foram colocadas em liquidação e fecharam ao longo de setembro de 2025, com data-limite informada para a unidade de Porto Alegre: 30 de setembro. Em Montenegro, a loja com mais de 30 anos encerrou as atividades em meados do mês, após ações promocionais para zerar estoques.
A transição abriu espaço para redes regionais ocuparem pontos comerciais estratégicos. Em Montenegro, por exemplo, o imóvel será assumido pelo Mombach; já em Santa Maria e Santa Cruz do Sul, o Nicolini ficará com as operações.
De acordo com publicações locais, a liquidação atraiu grande fluxo de consumidores, com descontos agressivos para agilizar o desabastecimento das gôndolas antes do encerramento definitivo.
A estratégia do Grupo Carrefour Brasil: foco em formatos mais rentáveis
Desde 2024, o Grupo Carrefour Brasil vem executando um plano de desinvestimento nas bandeiras Nacional (Sul) e Bompreço (Nordeste), que somavam 64 lojas e R$ 1,5 bilhão em vendas brutas nos 12 meses até setembro de 2024, porém com contribuição negativa no EBITDA. A meta comunicada ao mercado foi vender ou descontinuar essas unidades e manter supermercados rentáveis sob Carrefour Bairro.
Em paralelo, a empresa anunciou a conversão de hipermercados para Atacadão e Sam’s Club entre 2024 e 2026, elevando a participação de formatos com menor custo por m² e maior giro. Essa mudança operacional sustenta a busca por margens mais saudáveis em meio à competição acirrada no varejo alimentar.
O foco em Atacadão e no clube de compras reforça a tese de que o grupo privilegia escala, preço e recorrência. Formatos “intermediários”, como supermercados tradicionais deficitários, perdem espaço na alocação de capital do grupo.
Impactos para consumidores, mercado local e empregos
Para os clientes, a curta janela de ofertas de liquidação significou oportunidade de preço, mas o redesenho do mapa de lojas pode aumentar deslocamentos em alguns bairros até a entrada de novos operadores. A substituição por redes regionais tende a preservar concorrência local e manter postos de trabalho, ainda que com novas marcas e prazos de transição.
Sindicatos e prefeituras acompanham a reacomodação de equipes. Em geral, grupos compradores anunciam reformas e reaberturas com contratação posterior, enquanto parte dos funcionários é remanejada para unidades do próprio grupo controlador.
Para o varejo gaúcho, a saída do Nacional representa nichos a ocupar por atores locais, ao mesmo tempo em que consolida a tendência de atacarejo como formato dominante para grandes players nacionais.
Contexto corporativo: delisting no Brasil e execução mais ágil
Em 2025, a controladora Carrefour S.A. propôs e obteve aprovação dos acionistas para fechar o capital de sua unidade brasileira (Atacadão S.A., dona de Carrefour Brasil), oferecendo R$ 8,50 por ação e opções em ações da França. A companhia argumentou que a estrutura fechada permitiria mais agilidade na execução do plano estratégico no país.
O processo foi divulgado ao mercado em 11 de fevereiro de 2025 e ajustado em 3 de abril de 2025, quando a proposta foi elevada em cerca de 10%, sinalizando confiança no potencial do negócio no Brasil, responsável por cerca de 20% das vendas globais do grupo.
Esse pano de fundo ajuda a explicar a limpeza de portfólio: sair de formatos com retorno fraco, vender ativos, otimizar custos e acelerar conversões para Atacadão e Sam’s Club. A etapa final do Nacional no RS foi uma peça desse tabuleiro.
Queremos ouvir você: a extinção da bandeira Nacional foi uma decisão correta de estratégia ou um erro que reduz a diversidade no varejo gaúcho? Deixe seu comentário e diga se prefere a chegada de redes regionais ou a expansão de Atacadão/Sam’s Club nas antigas lojas do Nacional.
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